"Aterrei de impulso, com o coração pela metade e a vontade de me fazer ao caminho. Não esperava que me acolhessem, me abraçassem a alma e me dissessem que tudo ia correr bem. Aprendi que na vida se deve caminhar com a leveza certa no pensamento. Desafiei-me a estar longe da minha família e do conforto que estava habituada. Não tinha água potável todos os dias, mas matei a sede de viver. Não comia carne e nunca tive tão saciada do caminho que tinha escolhido. Fui muito feliz, muito, tanto que fica difícil encontrar as palavras que melhor descrevam a história que vivi é que em menos de nada no mundo. Percebi que a nossa casa não tem uma morada fixa e, por isso tenho agora um um novo sítio em que posso sempre voltar para acomodar a alma. "

"Ser voluntária da Kêlê foi um misto total de emoções. Começou a ser chegar as explicações sem saber como chegar aqueles miúdos, e duvidar se alguma vez conseguiria. Este sentimento de dúvida foi rapidamente substituído por um conforto de saber que cada dia aquela roça se tornava mais minha casa. Comecei o mês a chamarem-me de velha (piadinhas por terem achado graça ao nome Vera 😂) e avó. Acabo por sair de São Tomé a saber que tenho lá 40 netos. Não há como explicar, mas acreditar ganhou todo um outro sentido na minha vida ❤️ "

"Quando fazemos voluntariado queremos mudar a vida dos outros, mas quem muda somos nós. Estas crianças e estes jovens deram-me lições de vida e fizeram-me dar outro sentido e valor a coisas que para mim eram garantidas, ensinaram-me a viver ao compasso do “leve-leve”, a ser mais paciente e a aproveitar o “aqui e agora”. São Tomé deu-me muitas certezas, mas a principal é que, faria tudo de novo. Só me resta agradecer à Madalena, à Nica e à Rute por me terem acolhido nesta família que é a Kêlê. "